19. Bienal Internacional SP


“O que era para ser contemporâneo na tumultuada e pouco precisa arte do final da década de 80? A 19ª Bienal enfrentou, com obras de 400 artistas de 53 países, essa complexa indagação, pautando-se no cênico, no espetacular. Normalmente, a quadrienal Documenta de Kassel na Alemanha, dá as cartas no jogo de mercado. Em 1987, parece que alguém escondeu o baralho e a 19a Bienal, que elegeu como tema Utopia versus Realidade, acabou ficando com sua própria cara. O design funcionalista, desenvolvido na Escola de Ulm, na Alemanha Ocidental, e o da vanguarda do Grupo Memphis, dos Estados Unidos, foram os pontos principais da exposição Art-Design, organizada por Joice Joppert Leal. As 80 peças, de 32 artistas, vindas de dez países, reacenderam polêmica sobre os valores estéticos e simbólicos na arquitetu­ra e no design.
Uma das correntes representadas na mostra defendia a tese de que os objetos deveriam também atingir os limites do sentido, despertando no espectador a vontade de tocá-los. Para isso, os artistas utilizavam cores e materiais e inusitados, como a imensa cama de Luis Martins, cuja cabeceira, em forma de seios, era revestida com cetim vermelho.
Um dos objetivos era mostrar os tênues limites entre as artes plásticas e o design. Embora reduzida, a exposição conseguiu definir três grupos básicos que pontuavam o design: os representantes da vanguarda histórica, com o Grupo Memphis, integrado por Ettore Sottsass, Andréa e Nicolleta Branzi, Michelle de Lucchi; o “bolidismo”, definido como estilo de vida e de pensa­mento, integrado por Daniele Cariani, Dante Donegani, Ernesto Spicciolato e a King Kong Productions, e os grupos Zeus, Pentagon e Transatlantic. E por último, profissionais que encontraram seus próprios estilos, como Andreas Brandolini, Luis Martins e Fabio Magalhães.” (Extraído do livro „As Bienais de São Paulo“ / 1951 a 1987, de Leonor Amarante, Banco Fran­cês e Brasileiro S.A., Editor Vicente Wissenbach).
Fotos: Bruno Veiga (1 e 2) / arquivo privado (3)